Para Achim Steiner, do Pnuma, decisão pode impactar imagem do país.
Preocupação principal do diretor do programa é com a floresta amazônica.
Achim Steiner, diretor-executivo do Pnuma,
durante evento no Rio de Janeiro.
(Foto: Eduardo Carvalho/Globo Natureza)
durante evento no Rio de Janeiro.
(Foto: Eduardo Carvalho/Globo Natureza)
O diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(Pnuma), Achim Steiner, disse nesta segunda-feira (16) que "o mundo
inteiro" observa a movimentação da política brasileira em torno do novo
Código Florestal.
Steiner disse que apesar da questão ser de “política interna”, a
decisão tomada poderá enviar um sinal positivo ou negativo sobre o país à
comunidade internacional. Ele participou de evento sobre governança ambiental e a Rio+20, promovido no Rio de Janeiro pelo ministério do Meio Ambiente.
A Rio+20 é a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, que acontece em junho no Rio, e que já tem cem chefes de
Estado confirmados para discursar na plenária principal, de acordo com o
Itamaraty.
“O mundo inteiro está olhando para o Brasil hoje, querendo saber o que
vai acontecer no Código Florestal (...) É uma questão de política
interna, que cabe aos brasileiros decidir, mas o país também pode mandar
um enorme sinal sobre sua liderança no progresso sustentável ao longo
dos últimos 20 anos, que pode ser consolidado ou sofrer um revés”,
explica.
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Amazônia em foco
Para o diretor do Pnuma, programa que pleiteia na Rio+20 a chance de se
tornar uma agência especializada -- que terá poder de reger políticas
globais ambientais -- existe uma preocupação externa sobre o impacto das
mudanças da lei na Amazônia.
“O Código Florestal pode reduzir o valor do ecossistema amazônico (...)
Mas não sou eu quem vai julgar isto. Acho que o mundo não deveria
intervir em um processo democrático interno, mas ele [os países] têm
direito de definir quais são suas políticas preferidas para o Brasil”,
explica.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que também participou
do encontro no país não fez comentários sobre a votação do Código
Florestal, que segue em negociação no Senado. Ela afirmou que falaria
apenas quando o relatório em análise no Congresso estivesse pronto.
No entanto, Izabella afirmou que o Brasil precisa reestruturar a
governança ambiental nacional (políticas voltadas para o meio ambiente),
que, para ela, já está “vencida”. “O sistema está vencido em face aos
desafios recentes. O debate sobre o Pnuma nos instiga e nos coloca um
dever de casa”, disse a ministra.Steiner aproveitou o encontro com representantes da sociedade civil para explicar a necessidade de se criar uma plataforma global para decisões ambientais durante a Rio+20, uma agência da ONU nos mesmos moldes de instituições como a Organização Mundial do Comércio ou a Organização Internacional do Trabalho.
Para ele, não se fala em “criar um secretariado maior ou mais bonitinho”, nem deixar o Pnuma na situação atual de um “clube de debate”, que não tem poder para tomar decisões. Segundo o diretor do programa na ONU, há um descontentamento geral sobre o tema, que será negociado durante a cúpula sobre Desenvolvimento Sustentável..
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