Ativistas marcham contra novo Código Florestal no Rio e em SP
19 de junho de 2011 • 18h39 • atualizado às 21h42
Foto: Murilo Rezende/Futura Press
Veja os principais pontos da proposta do Código Florestal
Puxados por blocos e bandas tradicionais de rua do carnaval carioca, como o Simpatia é Quase Amor e a Banda de Ipanema, cerca de 1 mil manifestantes demonstravam, na praia de Copacabana, na zona sul, insatisfação a alguns pontos do projeto do novo código, principalmente em relação à anistia aos desmatadores e à liberação da agricultura em áreas localizadas em topos e encostas. Muitos seguravam faixas e cartazes. Manifestantes também vestiam fantasias relacionadas à natureza, como a de árvores. Com o slogan "Sambe pelas Florestas para Elas Não Dançarem", o protesto contou com cerca de 100 ritmistas de várias agremiações.
De acordo com a presidente da Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro (Sebastiana), Rita Fernandes, uma das organizadoras do evento, é preciso mobilizar a população para pressionar os senadores a votar contra o texto. "A gente não pode aceitar que qualquer coisa passe no Congresso e que os parlamentares votem de forma contrária ao que a sociedade de uma maneira geral quer. Como o código ainda tem que passar por nova votação, temos que pressionar os senadores, para que ele (texto) seja revisto", afirmou.
Para o geólogo André Saldanha, que participou da marcha, as alterações previstas pelo novo código podem contribuir para a ocorrência de desastres ambientais. "As modificações são absurdas e vão contra a evolução dos estudos ambientais. Do jeito que está, vai ser possível desmatar no topo de morro, o que pode gerar deslizamentos, como os que ocorreram no início do ano na região serrana do Rio. Além disso, a nova lei reduz de 30 m para 15 m a proteção da mata ciliar. Temos que questionar e reclamar", disse. Os organizadores elaboraram um manifesto, reunindo as principais críticas ao projeto, que será encaminhado aos senadores da bancada do Rio de Janeiro, em Brasília.
Ato em São Paulo conta com índios
Na avenida Paulista, região central de São Paulo, cerca de 300 pessoas se reuniram em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) para protestar contra o novo código e construção da usina de Belo Monte. Participava do ato o índio Kunue Kalapalo, membro de uma das tribos do Alto Xingu, que disse lutar contra a destruição do patrimônio natural do lugar onde nasceu. "Eu não quero perder tudo que eu tenho lá", disse, enquanto dançava e cantava na faixa de pedestres. "Eu não quero que acabe a natureza."
Aproveitando os momentos de semáforo fechado, eles apitavam e exibiam cartazes para os motoristas. Contrária aos projetos do novo Código Florestal e da Usina de Belo Monte, a técnica administrativa Cíntia Guido defendeu o uso da energia eólica e solar, em vez da construção de grande empreendimentos hidrelétricos. "Vai inundar uma grande parte de floresta, vai mexer com os índios do Xingu. Eu acho que não há mais a necessidade de grandes usinas hidrelétricas."
Apesar de a usina ser um empreendimento prioritário para o governo federal na área da energia, a estudante de veterinária Camila Bergamim tem esperanças de que a mobilização social possa alterar o projeto. "Quem sabe, se começarem a ocorrer protestos nacionais, eles pelo menos parem para pensar."
Agência Brasil
Colaborou com esta notícia o internauta Henrique Yasuda, de São Paulo (SP), que participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos,