Quais são os principais elementos transportados na água de lastro?
Os organismos que são introduzidos pela água de lastro variam de milímetros até peixes de 30 centímetros, segundo Siqueira (2005), afinal os organismos, que em seu estágio larval ou planctônico, se localizam na superfície, podem ser captados pelo navio e, quando se estabelecem no novo habitat, desenvolvem-se para seu estágio adulto. Entre as espécies que tem o potencial de serem transportadas estão às anêmonas, cracas, caranguejos, caracóis, mexilhões ouriços do mar, entre outras. Agentes patogênicos também já foram encontrados na água de lastro, como é o caso do Vibrio Colerae (ANVISA, 2003).
Qual é o impacto da água de lastro no mundo?
Os registro de bioinvasão por meio da água de lastro espalham-se pelo mundo inteirior. Existem algumas invasões de espécies alienígenas que são históricas tais como: mexilhão-zebra nos EUA, dinoflagelados na Austrália, e água-viva carnívora nos EUA) resultaram em prejuízos da ordem de US$ 10 milhões e tiveram profundas e largas repercussões ecológicas. Estimou-se que nos anos 90 mais de 3.000 espécies de animais e plantas foram transportadas diariamente ao redor do mundo e está provado que o número de espécies introduzidas mediante a água de lastro está crescendo continuamente. Mais de 40 espécies apareceram nos Grandes Lagos desde 1960; mais de 50 na Baía de São Francisco desde 1970. Nos Estados Unidos, identificou-se o mexilhão Zebra pela primeira vez na década de 80, que se proliferou pelas águas dos rios rapidamente, causando sérios danos ao ecossistema, sendo este oriundo de água de lastro.
No Brasil, verifica-se que houve uma invasão do mexilhão dourado “L. fortunei” proveniente da água de lastro dos navios. Esta é uma espécie nativa de rios e arroios chineses e do sudeste asiático e, apenas recentemente, por razões desconhecidas, vem expandindo sua distribuição em todo o mundo. Do estuário da Bacia do Prata, ele se expandiu rapidamente para os trechos superiores da Bacia do rio Paraná, invadindo principalmente os grandes rios, numa velocidade de cerca de 240 km/ano. Em 2001, sua presença foi reportada na Usina de Itaipu e, em 2002, foi encontrado nas usinas hidrelétricas (Porto Primavera e Sérgio Motta) à jusante do Rio Paraná, em São Paulo. A entrada da espécie neste sistema de rios deve ter ocorrido através da intensa navegação e transposição de barcos utilizados na pesca esportiva. O impacto do mexilhão dourado no Brasil tem sido grande e tem causado problemas de saúde pública, entupimento de tubulações, filtros de usinas hidroelétricas e bombas de aspirações de água, degradação das espécies nativas e problemas relacionados com a pesca, conforme mostrado na Figura 1.
Quais são as fases para que ocorra a bioinvasão?
São inúmeros os organismos patogênicos exóticos potencialmente nocivos e tóxicos que estão presentes nos tanques de lastro, muitos fixados nas paredes do tanques e outros juntos com os sedimentos. Alguns organismos sobrevivem por dias ou meses. O processo de invasão biológica pode ser dividido em quatro etapas: entrada, quando efetivamente a espécie chega em um ou mais pontos do ecossistema; estabelecimento: quando a espécie começa a se reproduzir no local e tenta escapar da extinção no novo ambiente; dispersão: quando ocupa os habitats disponíveis; e impacto, quando a espécie persiste e compete em seu novo ambiente. Há uma filtragem entre essas etapas e nem todos os invasores conseguem sobreviver a todas as fases.
Como o Brasil tem enfrentado o problema da água de lastro?
Embora o Brasil tenha participado do programa Globallast, a primeira regulação nacional para lidar com a questão da água de lastro foi implementada em 2005, a chamada NORMAM 20, que entrou vigor em 15 de outubro de 2005. A regulação estabelece que todos os navios devem realizar a troca oceânica antes de poder entrar em um porto brasileiro. Os navios devem utilizar os métodos aprovados pela IMO. A NORMAM 20 estabelece parâmetros diferenciados para a operação na região amazônica: navios oriundos de viagens internacionais devem realizar duas trocas de água de lastro. Isto se deve às características do local, que apresenta trechos com ecossistema bastante frágil, e também porque ocorre nestas regiões o deságüe dos rios no mar, o que pode gerar uma similaridade ambiental muito grande nestas regiões, devido à maior salinidade da água nestes trechos. Assim, para navios que adentrarem o rio Amazonas, a primeira troca deve ser realizada nos padrões da IMO, a segunda deve ser realizada em Macapá, em que a água dos tanques devem ser recicladas apenas uma vez. Os navios, que entram pelo Rio Pará, devem fazer a troca a 70 milhas da costa, entre Salinópolis e a Ilha do Mosqueiro.
Olá Samantha, e tu sabe algo sobre o retorno do Ibama, da ação que o MP Federal no RS ingressou, para que este tomasse providências quanto a invasão do mexilhão dourado na Bacia do Delta do Jacuí... Procurei e não encontrei a posição do Ibama no caso... obrigada (rapha_brito@yahoo.com.br)
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