Ao longo desta semana, os estudantes que passarem pelo local vão encontrar informações sobre a vida das abelhas, o trabalho de polinização, os riscos de extinção que algumas espécies estão sofrendo pelo mundo, além de observar espécies verdadeiras de abelhas produzindo mel em caixas. O estande também oferece o contato com um jardim real mostrando a diversidade de plantas que atraem e ajudam a preservar as abelhas e a participação em atividades interativas concorrendo a smartwatches.
"São atividades voltadas basicamente para crianças e adolescentes de todas as faixas etárias. Hoje, já passaram por aqui estudantes de 6 a 16 anos. Para cada um, nós tentamos adaptar a linguagem facilitando a compreensão e a absorção do conhecimento. Queremos que os jovens percebam a importância dos polinizadores no mundo, quais são os principais agentes, proteção e equilíbrio dos ecossistemas e produção de alimentos", explicou a economista do CGEE, Mayra Juruá.
No estande, os visitantes poderão visualizar um café da manhã com polinizadores e outro sem a participação desses insetos. No primeiro caso, é possível perceber uma variedade de frutas, legumes e sucos enquanto a segunda opção conta apenas com um simples desjejum a base de pão, queijo, leite e ovo. Os alunos poderão descrever como enxergam o futuro do planeta, e um ilustrador profissional registrará as impressões dos estudantes num painel em tempo real.
"É para que pensem o futuro. É ver a ideia que eles têm da produção de alimentos no futuro sem ou com os polinizadores. A cada dia de evento vamos ter quatro painéis que serão submetidos à votação eletrônica no site do CGEE, e ao final da SNCT, os vencedores ganharão medalhas, certificados, e o primeiro lugar leva também um smartwatch. A melhor ilustração será transformada em quadro e entregue à escola do aluno, ajudando nessa reflexão do que é importante hoje, mas, sobretudo, com relação ao futuro", disse.
Aluna da Escola Vila das Crianças em Santa Maria, a estudante Rayanne de Almeida, de 15 anos, aprovou as atividades do CGEE. "Achei bem legal a exposição e todo o conhecimento repassado. Acredito que é preciso ter esse pensamento de como será o nosso mundo no futuro. Eu aprendi muito aqui e posso repassar esse conhecimento para outros colegas e familiares para ajudar as abelhas e o meio ambiente", disse.
Polinizadoras do planeta
O engenheiro agrônomo Antônio Guedes alerta para o desaparecimento das abelhas em todo o mundo, principalmente, nos Estados Unidos e Europa, como revelam estudos realizados nas últimas décadas. "As abelhas existem na Terra há 60 milhões de anos, e a maioria das espécies de plantas e flores de hoje são resultado do trabalho das abelhas ao longo desses anos, mas nós em poucas décadas, talvez, vamos destruí-las", afirmou.
Segundo ele, essa ocorrência se deve a diversos fatores, incluindo as ações do homem no meio ambiente. "Muitos desses fatores são ocasionados pelo homem, principalmente, nas formas de cultivar, como as monoculturas. No Brasil, por exemplo, é possível encontrar 15 mil hectares de soja plantados. Para nós é riqueza, para as abelhas é deserto. Outros fatores são mudanças climáticas, aumento da temperatura, diminuição do oxigênio no ar, aumento do gás carbônico na atmosfera, elementos que contribuem para que as abelhas não se adaptem e morram", apontou.
Para Guedes, algumas espécies de frutas e legumes que, hoje, servem de alimento para homens e animais não existiriam sem o trabalho das abelhas. Sem elas, Antônio afirma que a vida na Terra estaria ameaçada.
"Não comeríamos maçã hoje se não fossem as abelhas. Oitenta por cento da produção de maçã depende da polinização feita por elas. Uma abelha quando sai para trabalhar durante o dia, não volta para a colmeia antes de ter visitado até duzentas flores. Elas fazem um trabalho muito grande. Ela não vai lá polinizar, não sabe que está polinizando, ela vai buscar o néctar que é seu alimento e leva para a colmeia, e acaba atuando com a melhor fertilização que existe, pois é natural", explicou.
SNCT
A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia acontece sempre no mês de outubro, desde 2004, sob a coordenação nacional do MCTIC com o objetivo de mobilizar a comunidade científica e estudantil, em especial crianças e jovens, em torno de temas e atividades de ciência e tecnologia, valorizando a criatividade, atitude científica e inovação; chamando a atenção da sociedade para a relevância da ciência para a vida de cada um e para o desenvolvimento do país; e contribuindo para que a população possa conhecer e discutir pesquisas e suas aplicações.
O tema da SNCT – "Ciência alimentando o Brasil" – se alinha à decisão da 68ª Assembleia Geral das Nações Unidas de proclamar 2016 como o Ano Internacional das Leguminosas (AIL). Diante da escolha, o MCTIC estabeleceu parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para realizar eventos de divulgação e educação científica em todas as unidades da instituição.
No Jardim Botânico, a Embrapa apresenta extenso material sobre a conservação dos recursos ambientais, diversidade tecnológica e atividades de controle biológico como inseticidas biológicos desenvolvidos a partir de microorganismos para controle de mosquitos transmissores de doenças e pragas agrícolas e o biorreator de imersão temporária utilizado na clonagem de mudas, capaz de reproduzir plantas com mais higiene, segurança e economia.
São Paulo – Já faz tempo que as abelhas estão, lentamente, sumindo. O mundo está preocupado com o que pode acontecer se as pequenas polinizadoras forem varridas da Terra – tanto que até apareceram algumas soluções pouco ortodoxas, como uma abelha-robô.
Sem abelhas, não vai faltar só mel. É que elas funcionam como se fossem órgãos sexuais de plantas. Uma parte considerável do Reino Vegetal conta com abelhas para espalhar seu pólen.
Sem abelhas, você castra essas plantas. E elas deixam de existir também, o 0 que é um péssimo negócio, mesmo para quem tem alergia a abelhas: pelo menos dois terços da nossa comida vem direta ou indiretamente de vegertais que precisam de abelhas para se reproduzir.
Ainda não se trata de um apocalipse. Existem 25 mil espécies de abelha. Para a lista, entraram sete: Hylaeus anthracinus, Hylaeus longiceps, Hylaeus assimulans, Hylaeus facilis, Hylaeus hilaris, Hylaeus kuakea, e Hylaeus mana – todas abelhas de cara amarela, parecidas com a abelhinha comum aqui do Brasil.
As abelhas em perigo são todas nativas do Havaí, e a hipótese do FWS é que a razão principal tenha sido a inclusão de espécies de plantas e animais invasores, que desequilibraram a fauna local.
Outro problema é a urbanização cada vez maior das ilhas, o que favorece o turismo descuidado e a destruição do habitat natural dos insetos.
Mas o problema não se restringe ao Havaí, claro: desde 2006, apicultores do mundo inteiro têm reclamado que as populações do inseto caíram. De 2012 para 2013, 31% das abelhas dos EUA tinham desaparecido; na Europa, naquele período, o número chegou a 53%, e no Brasil, a quase 30%.
O pior é que ninguém sabe exatamente o que está causando essa catástrofe. Alguns cientistas acham que é a poluição; outros apostam nos pesticidas.
Existe, também, uma doença chamada Síndrome do Colapso da Colônia, na qual as abelhas simplesmente abandonam suas colmeias sem que nada de errado aconteça, mas a síndrome ainda é um mistério, o que deixa os cientistas de mãos atadas.
“Sem as abelhas, o homem pode desaparecer em quatro anos”, disse Albert Einstein, numa previsão catastrófica, na primeira metade do século 20.
Como já mostramos anteriormente, a maioria das pessoas desconhece que as abelhas cumprem um papel infinitamente mais relevante que apenas produzir mel: são os melhores e mais eficientes agentes polinizadores da natureza, responsáveis pela reprodução e perpetuação de milhares de espécies vegetais, produzindo alimentos, conservando o meio ambiente e mantendo o equilíbrio dos ecossistemas.
A polinização das abelhas é fundamental para garantir a alta produtividade e a qualidade dos frutos em diversas culturas agrícolas pelo planeta. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 85% das plantas com flores das matas e florestas e 70% das culturas agrícolas, dependem dos polinizadores.
Nos últimos 15 anos, 50% a 90% das abelhas sumiram do nosso planeta. Causas naturais e produtos agrotóxicos certamente são responsáveis por isto, mas ainda não são o principal motivo por uma queda tão assustadora no número destes insetos.
O documentário Mais que Mel,(http://www.adorocinema.com/filmes/filme-209900/) indicado ao Oscar de 2014 como melhor filme estrangeiro, investiga as causas do desaparecimento das abelhas, trás em detalhes como funciona a produção de mel pelo mundo e alerta sobre a importância desses insetos para o meio ambiente, lembrando que sem a polinização feita por elas, a maioria das nossas frutas e legumes desapareceriam completamente da Terra.
Assista agora ao trailler do documentário: Mais que Mel
Abelhas são conhecidas por produzirem mel, cera, própolis e pólen. Também a preciosa geleia real e até o seu veneno, utilizado na apiterapia. As abelhas listradas em preto e amarelo fazem parte do imaginário coletivo por serem comumente retratadas em desenhos e livros infantis. E há quem só se lembre das abelhas pelo doce de seu mel ou pela dor de sua picada.
Mas o que a maioria das pessoas desconhece, é que as abelhas cumprem um papel infinitamente mais relevante: são os melhores e mais eficientes agentes polinizadores da natureza, responsáveis pela reprodução e perpetuação de milhares de espécies vegetais, produzindo alimentos, conservando o meio ambiente e mantendo o equilíbrio dos ecossistemas.
Também poucos sabem que existem no mundo mais de 20 mil espécies de abelhas. Só no Brasil são mais de 3 mil espécies, a maioria de abelhas nativas sem ferrão.
Em meio a todo este rico, mas desconhecido universo, nos últimos anos um problema pauta a apicultura em todo o mundo: o desaparecimento e a morte massiva das abelhas. De proporções expressivas – só nos EUA mais de 1/3 dos enxames têm sido perdidos todos os anos – o Brasil e a América Latina começam a se mobilizar frente aos diversos relatos de mortalidade de abelhas, de causas ainda controversas.
Chamado de Colony Colapse Disorder (CCD) em inglês, trata-se de um fenômeno onde abelhas abandonam suas colmeias deixando para trás suas crias e comida. O CCD atinge principalmente os Estados Unidos e começou a ser notado no final de 2006. Não se sabe ao certo porque acontece esse esvaziamento das colmeias, já que normalmente elas são encontradas vazias, com pouca ou nenhuma abelha morta.
A campanha Sem Abelha, Sem Alimento tem o objetivo de conscientizar as pessoas para a importância destes polinizadores e a necessidade de sua proteção. Acesse o site, conheça mais sobre o projeto e saiba como ajudar.
As abelhas estão desaparecendo. E isso é preocupante
Nos últimos anos, a quantidade de abelhas tem diminuído no mundo. Pragas e uso de pesticidas estão entre as principais causas. (Veja.com/VEJA.com)
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10/10Abelhas (Getty Images/iStockphoto/VEJA/VEJA)
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1/10Abelhas (Irina Tischenko/Getty Images/iStockphoto/VEJA/VEJA)
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2/10Apicultor (Przemyslaw Wasilewski/Getty Images/iStockphoto/VEJA/VEJA)
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3/10Apicultor (Getty Images/iStockphoto/VEJA/VEJA)
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4/10Abelhas (John Foxx/Getty Images/VEJA/VEJA)
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5/10Apicultores trabalhando (Getty Images/iStockphoto/VEJA/VEJA)
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6/10Apicultor (Ludmila Smite/Getty Images/iStockphotos/VEJA/VEJA)
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7/10Apicultor (Hermera/VEJA/VEJA)
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8/10Abelha (Medioimages/Photodisc/Getty Images/VEJA/VEJA)
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9/10Colmeia de abelhas (Getty Images/iStockphoto/VEJA/VEJA)
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10/10Abelhas (Getty Images/iStockphoto/VEJA/VEJA)
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1/10Abelhas (Irina Tischenko/Getty Images/iStockphoto/VEJA/VEJA)
Dois terços dos alimentos que nós ingerimos são cultivados com a ajuda das abelhas. Na busca de pólen, sua refeição, esses insetos polinizam plantações de frutas, legumes e grãos. Em tempos em que a escassez mundial de comida é pauta das autoridades no assunto – como a
recomendação da ONU para consumir mais insetos – a perspectiva de ficar sem a ajuda desses seres no abastecimento alimentar seria alarmante. E é o que está acontecendo.
Em 2006, apicultores nos Estados Unidos começaram a notar que suas colônias de abelhas estavam desaparecendo. Cientistas investigaram e comprovaram o fenômeno, que foi batizado de colony collapse disorder (síndrome do colapso da colônia, CCD). Sete anos depois, o sumiço continua: no inverno de 2012 para 2013, dado mais recente, 31% das abelhas americanas deixaram de existir.
O fenômeno se repetiu na Europa, onde, segundo um levantamento do Coloss, rede de cientistas de mais de 60 países que estuda o sumiço das abelhas, algumas regiões perderam até 53% de suas colônias nos últimos anos. Japão, China e o Brasil também reportaram problemas – apicultores de Santa Catarina relataram que um terço das 300.000 abelhas do Estado bateu asas em 2012.
A ESCASSEZ DE POLINIZADORES JÁ AFETA ALGUNS CULTIVOS. EM 2013, A QUEDA NA PRODUÇÃO ELEVOU O PREÇO DAS AMÊNDOAS NOS ESTADOS UNIDOS EM 43% EM RELAÇÃO AO ANO ANTERIOR, SEGUNDO INFORMAÇÕES DO JORNAL THE TELEGRAPH. PELO MESMO MOTIVO, O QUILO DA OLEAGINOSA NA ESPANHA, OUTRO PRODUTOR, CHEGOU A QUASE 8 EUROS – O MAIS ALTO DESDE 2005. NA FRANÇA, AS VÍTIMAS FORAM AS CEREJAS, QUE PASSARAM A SER CULTIVADAS NA AUSTRÁLIA, MENOS AFETADA PELA FALTA DE ABELHAS. NO BRASIL, SEGUNDO ESPECIALISTAS, A REDUÇÃO DE INSETOS AFETOU A PLANTAÇÃO DE MAÇÃS, EMBORA AS PERDAS NÃO TENHAM SIDO QUANTIFICADAS. “SE O PROBLEMA CONTINUAR, O MODELO ATUAL DE FAZENDAS VAI SE TORNAR INSUSTENTÁVEL. O CUSTO DE PRODUÇÃO VAI SUBIR PARA O PRODUTOR E PARA O CONSUMIDOR FINAL, DE MODO QUE DIVERSOS FAZENDEIROS PODEM ACABAR DEIXANDO A ATIVIDADE”, AFIRMA O FÍSICO BRASILEIRO PAULO DE SOUZA, ESTUDIOSO DO TEMA NA ORGANIZAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA CIENTÍFICA E INDUSTRIAL DA AUSTRÁLIA.
LEIA MAIS:ABELHAS TAMBÉM TERIAM UMA PERSONALIDADE, INDICA ESTUDO
ÁCAROS PARASITAS FAVORECEM PROLIFERAÇÃO DE VÍRUS EM COLMEIAS
PESTICIDAS – A CAUSA DO SUMIÇO É UM MISTÉRIO QUE INTRIGA OS PESQUISADORES, A COMEÇAR PELO FATO DE OS CORPOS DOS INSETOS NÃO SEREM ENCONTRADOS NAS COLMEIAS OU ARREDORES. OS ANIMAIS DESAPARECEM SEM DEI
As suspeitas levaram a União Europeia a banir os neonicotinoides por um período de dois anos, iniciado em julho de 2013, apesar dos protestos de produtores agrícolas e as multinacionais químicas e agroalimentícias. Nesse intervalo, será avaliado o impacto da proibição na agricultura e nas abelhas, para se decidir se a regra será mantida por mais tempo. “A medida é radical, mas necessária”, diz Paulo de Souza. “Foi uma medida de precaução, mesmo critério adotado na criação do Protocolo de Kyoto.”
Souza lidera um estudo que vai instalar sensores em 5 000 abelhas para monitorar sua localização em tempo real e estudar as causas do extermínio. “As pesquisas nos mostram os fatores [que causam as mortes de abelhas] com alguma segurança, mas não sabemos ainda qual é o peso de qual um deles, nem como eles se combinam”, diz.
Pragas – Além dos pesticidas, vírus, fungos, bactérias e outros parasitas são apontados como vilões. O principal é o ácaro Varroa destructor, que se agarra às abelhas, suga sua hemolinfa (o “sangue” dos insetos) e pode transmitir vírus aos animais.
A Austrália é, atualmente, o único país do planeta que ainda não foi atingido pelo Varroa. Para manter o status de abelhas mais saudáveis existentes, cuidados relativos à biossegurança foram adotados por lá. Segundo Souza, todos os aeroportos contam com cães especialistas em farejar frutas na bagagem dos passageiros, norma que evita a contaminação mesmo entre os Estados australianos.
Outras causas – A monocultura e o manejo inadequado das colmeias por parte dos criadores também atrapalham os insetos. Uma área de plantação extensa com apenas um tipo de planta, como a soja ou o girassol, faz com que as abelhas colocadas para trabalhar naquela região se alimentem de um tipo de pólen exclusivamente. A restrição causa má-nutrição, uma vez o pólen de cada planta possui uma composição diferente de proteína. “A abelha evoluiu com as plantas que se reproduzem por meio de flores, uma dependendo da outra, enquanto a monocultura é mais recente”, explica Sattler.
Em busca de aumentar a produtividade, algumas práticas de manejo das colmeias estressam os animais, o que pode reduzir seu tempo de vida. De acordo com Paulo de Souza, criadores colocam uma espécie de “tapete grudento” na entrada da colmeia, que retém todo o pólen que a abelha recolheu durante seu voo, obrigando-a a sair novamente em busca de alimento.
Além disso, suspeita-se que a poluição do ar e até mesmo sinais de torres de celular poderiam influenciar o sistema de orientação desses insetos. Essas teorias ainda não foram comprovadas.
Enquanto o sumiço das abelhas não é desvendado, a ciência falha em encontrar formas de substitui-las. A solução mais próxima é colocar o próprio homem para fazer o trabalho. “Em regiões da China onde a população de abelhas foi reduzida drasticamente, fazendeiros de maçã precisam de empregados para fazer a polinização manual”, afirma Rodolfo Jaffe, pós-doutorando do laboratório de abelhas da USP. A tarefa é realizada com auxílio de envelopes de pólen e um tipo de vareta com a qual os trabalhadores tocam as flores. Mas o processo é mais demorado e caro do que o das abelhas e menos eficiente.
Problema nacional – No Brasil, apicultores de diversos Estados têm relatado perdas substanciais – e muitas vezes inexplicáveis – em suas colmeias. Além de Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul estão entre os afetados. “Por enquanto, parece que temos casos mais isolados e em menor escala do que nos Estados Unidos e na Europa”, afirma David De Jong, professor de genética da USP de Ribeirão Preto. Americano, ele veio para o Brasil na década de 1980 para estudar o ácaro Varroa – recém-descoberto na época.
Uma das razões é que as abelhas daqui são diferentes das mais comuns da Europa e dos Estados Unidos. A espécie brasileira é chamada de africanizada, porque sofreu cruzamento, há mais de cinco décadas. O resultado são insetos mais resistentes a doenças e capazes de se reproduzir mais rapidamente – com desvantagem de serem mais agressivos. “A abelha africanizada se adapta muito bem ao ambiente, exceto o frio excessivo. Por essa razão, ela não é utilizada na Europa”, explica Aroni Sattler.
Para Lionel Gonçalves, professor aposentado da USP de Ribeirão Preto, o Brasil sofre com um uso indiscriminado de agrotóxicos, e não tem uma legislação de restrição efetiva. Lionel é um dos idealizadores do projeto Bee or not to be(abelhas ou não ser, em tradução livre, fazendo um trocadilho com a frase de Shakespeare), uma campanha de proteção das abelhas, lançada no ano passado. O objetivo é alertar a população e buscar apoio para proteção dos insetos no Brasil e no mundo. A campanha está recolhendo assinaturas para uma petição, que deve ser entregue ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente em novembro deste ano, exigindo ações efetivas no combate ao CCD.
Algumas medidas simples trariam grandes benefícios. “Os produtores poderiam aplicar os pesticidas na temporada certa, não durante as floradas, e com cuidado, apenas sobre o cultivo. Usá-los no fim do dia, quando as abelhas já estão em casa, também reduziria os danos”, diz Sattler.
Leia mais:
http://veja.abril.com.br/ciencia/as-abelhas-estao-desaparecendo-e-isso-e-preocupante/
http://exame.abril.com.br/tecnologia/abelhas-entram-para-a-lista-de-especies-em-extincao/
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