A Ocupação dos Mangues, Baixios, margens de Rios e Córregos
Com a transferência da Coroa Portuguesa para o Rio de Janeiro em 1808 a
cidade passou a receber uma série de melhoramentos urbanos, como por
exemplo, a drenagem do Saco de São Diogo que expandiu a ocupação dos
PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
SECRETARIA MUNICIPAL DE SANEAMENTO E RECURSOS HÍDRICOS
FUNDAÇÃO INSTITUTO DAS ÁGUAS
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terrenos na direção da chamada Cidade Nova por meio de obras como a
construção do Canal do Mangue, que só foi terminada em 1856, pelo Barão
de Mauá.
Outra intervenção no Saco de São Diogo foi a construção da Ponte
dos Marinheiros, destinada a facilitar a passagem da família Real para a
Quinta da Boa Vista, o que abriu a região de São Cristóvão e posteriormente
as áreas do Catumbi, Estácio e Rio Comprido.
Nos terrenos mais firmes, para além do manguezal, os colonizadores
pioneiros fundaram pequenos arraiais, distantes da cidade, com suas
lavouras e pastagens para o gado. Nasceram assim: São Cristóvão e Mata Porcos,
hoje conhecido como bairro do Estácio.
A cidade foi se espalhando na
direção da Tijuca, os rios foram canalizados, as plantações substituídas por
chácaras, depois casas e por fim altos edifícios de apartamentos.
No final do século XIX com as reforma promovidas pelo Prefeito Pereira
Passos foram canalizados os baixos cursos dos rios: Maracanã, Comprido e
Trapicheiro; aberta a Avenida Francisco Bicalho e o novo Cais do Porto, com
ligação até o mar.
Entre 1928 e 1930, com o rápido avanço da industrialização, foram aterrados
grande parte da enseada de Manguinhos e Inhaúma, onde foi construído o
aeroporto de Manguinhos (hoje Santos Dumont).
Durante a década de 40 foram reforçados os vetores de expansão urbana ao
longo da Av. Brasil, então em construção, desde a orla da baía da Guanabara
(com a recuperação, pelo DNOS1
, de áreas inundadas pelas marés) e ao longo
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DNOS, então Departamento Nacional de Obras e Saneamento.
da Estrada de Ferro Leopoldina, induzindo a formação de um novo parque
industrial.
Com o incremento da atividade industrial na década de 50, vieram também
os assentamentos de baixa renda como o da Praia do Apicum em Ramos,
hoje a favela da Maré.
Mais recentemente, nos anos 80, foi erguida a Vila do João, conjunto
habitacional construído pelo “Projeto Rio” do Governo Federal, com 2.600
domicílios destinados a abrigar as pessoas que viviam em palafitas na Baixa
do Sapateiro. Em 2010 havia cerca de 4.000 domicílios e uma população
estimada de quase 12.000 pessoas.
Projetos do DNOS também foram realizados na zona Oeste, nas baixadas da
Baía de Sepetiba (como a canalizaçao dos rios: São Francisco, Itaguaí e
Guandú-Açu) em Jacarepaguá e nas lagoas: da Tijuca, Marapendi e Camorim.
Além das profundas mudanças nos regimes fluviais, a intensa expansão
urbana ocorrida nos últimos trinta anos, sem controle e sem a devida
modernização da infraestrutura, particularmente das redes de esgotos está
provocando a destruição dos ecossistemas e colocando em risco as
populações que residem nessas áreas.
Atualmente, quase não existem mais áreas de mangues. Por serem
tradicionalmente considerados insalubres, os mangues remanescentes foram
sendo deixados à margem da expansão urbana ou foram utilizados como
depósitos de lixo urbano. Esse foi o caso do Saco de São Diogo, da enseada
de Inhaúma e da Foz do Meriti, e mais recentemente de Gramacho em
Duque de Caxias, onde se encontra o maior Aterro Sanitário da América
Latina, que recebia por dia, mais de 7 mil toneladas de lixo provenientes dos
municípios da baixada Fluminense e da cidade do Rio de Janeiro.
http://www.comitebaiadeguanabara.org.br/
O Brasil possui uma das mais extensas e diversificadas redes fluviais do mundo, dividida em 12 regiões hidrográficas: Bacia Amazônica, Bacia Tocantins Araguaia, Bacia do Paraguai, Bacia Atlântico Nordeste Ocidental, Bacia Atlântico Nordeste Oriental, Bacia do Paraná, Bacia do Parnaíba, Bacia do São Francisco, Bacia do Atlântico Leste, Bacia do Atlântico Sudeste, Bacia do Atlântico Sul e Bacia do Uruguai.
Uma rede hidrográfica é o conjunto formado pelo rio principal e todos os seus afluentes e subafluentes. Conheça as principais do País:
Bacia do Atlântico Sudeste
Região mais populosa do país, o Sudeste também possui o maior pólo econômico e industrial do Brasil. Por isso, a região hidrográfica do atlântico sudeste – distribuída pelos Estados do Estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e o litoral do Paraná - possui grande importância no cenário econômico nacional.
Com uma área de 229.972 km2, equivalente a 2,7% do território brasileiro, seus principais rios são o Paraíba do Sul e Doce, com respectivamente 1.150 e 853 km. Além desses, vários outros rios de menor porte formam as seguintes bacias: São Mateus, Santa Maria, Reis Magos, Benevente, Itabapoana, Itapemirim, Jacu, Ribeira e litorais do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Por ser a mais populosa e industrializada, a região tem uma grande demanda de água (10% do total nacional), sendo 41% para a área urbana e 15% para a área industrial.
Bacia Amazônica
Considerada a rede hidrográfica mais extensa do mundo, a Bacia Amazônica ocupa uma área total de 7.008.370 km2. Esta área vai desde as nascentes, nos Andes Peruanos, até sua foz (local onde o rio deságua) no Oceano Atlântico - 64,88% (ou 3.843.402 km2) desse total ficam em território brasileiro e o restante está dividido entre a Colômbia (16,14%), Bolívia (15,61%), Equador (2,31%), Guiana (1,35%), Peru (0,60%) e Venezuela (0,11%).
No Brasil, a Bacia Amazônica é compartilhada por sete Estados - Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia, Roraima, Pará e Mato Grosso. Seus principais rios são Javari, Purus, Madeira, Tapajós e Xingú (pela margem direita) e Iça, Japurá, Negro, Trombetas, Paru e o Jarí (pela margem esquerda).
Bacia Tocantins-Araguaia
Com uma área total de 967.059 km², a Bacia Tocantins-Araguaia ocupa 11% do território nacional. Grande parte está na Região Centro-Oeste, nos Estados de Goiás, Tocantins, Pará, Maranhão, Mato Grosso e Distrito Federal.
Como o próprio nome diz, os dois principais rios dessa bacia são o Tocantins e o Araguaia. O Tocantins nasce no planalto de Goiás, a cerca de 1.000 metros de altitude. Com 1.960 km de extensão até sua junção com o rio Araguaia, ele tem como principais afluentes (rios menores que deságuam no rio principal) os rios Bagagem, Tocantinzinho, Paranã, dos Sonos, Manoel Alves Grande e Farinha (margem direita) e rio Santa Tereza (margem esquerda).
Em seus 2.600 km, o Araguaia abriga a maior ilha fluvial do mundo – a Ilha do Bananal – com 350 km de comprimento e 80 km de largura.
Bacia do Paraguai
O rio Paraguai nasce na Chapada dos Parecis, no Mato Grosso. Ao longo do seu percurso rumo ao sul, recebe vários afluentes importantes como o Cuiabá, o São Lourenço, o Taquari, o Miranda e o Negro. Sua bacia hidrográfica abrange uma área de 1.095.000 km², sendo 33% no Brasil – Mato Grosso e Mato Grosso do Sul - e o restante na Argentina, Bolívia e Paraguai.
A região se divide em duas áreas principais hidrográficas: Planalto (215.963 km²), com terras acima de 200 metros de altitude, e Pantanal (147.629 km²), que são terras abaixo de 200 metros de altitude, com baixa capacidade de drenagem e sujeitas a grandes inundações.
Considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta, o Pantanal funciona como um grande reservatório que retém a maior parte da água oriunda do Planalto e regulariza a vazão do rio Paraguai.
A baixa capacidade de drenagem dos rios e lagoas que se formam no Pantanal, juntamente com a influência do clima da região, faz com que cerca de 60% da água proveniente do Planalto seja perdida por evaporação.
Bacia Atlântico Nordeste Ocidental
Localizada no Estado do Maranhão e em uma pequena porção oriental do Pará, fazem parte da região hidrográfica do Atlântico Nordeste Ocidental os rios Gurupi, Turiaçu, Pericumã, Mearim, Itapecuru, Munim e a região do litoral do Maranhão. Com uma área de 254.100 km2, a bacia atinge 233 municípios, sendo 9% no Pará e 91% no Maranhão.
Bacia Atlântico Nordeste Oriental
A Bacia do Atlântico Nordeste Oriental não tem grandes rios e, por isso, apresenta baixa disponibilidade de água em relação à demanda local, principalmente em períodos de estiagem. Seus principais rios são o Capibaribe, Paraíba, Jaguaribe e Acaraú.
Os 287.348 km2 (3% do território brasileiro) dessa bacia atingem cinco Estados do Nordeste e suas capitais (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas), dezenas de núcleos urbanos e um grande parque industrial. Além disso, a região reúne diversas bacias costeiras de pouca extensão.
No litoral do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco podem ser encontrados estuários (parte de um rio que se encontra em contato com o mar), manguezais e lagoas costeiras. O litoral de Alagoas inclui o delta do rio São Francisco, compartilhado com Sergipe, e o Complexo Estuarino-Lagunar Mundaú / Manguaba.
Bacia do Paraná
A região onde está localizada a bacia do Paraná é de grande importância para o País e tem o maior desenvolvimento econômico do país e atinge 32% da população brasileira. Ocupa 10% do território nacional (879.860 km²) e se divide entre os Estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e Distrito Federal.
A bacia recebe esse nome por ter o rio Paraná como seu principal formador. Com uma extensão de 2750 km até sua foz, o Paraná tem como principais afluentes o Paranaíba e o Grande.
Essa região hidrográfica se subdivide em seis grandes rios: Grande, Iguaçu, Paranaíba, Paranapanema, Paraná e Tietê, apresentando uma vazão média correspondente a 6,5% do total do país.
A bacia do Paraná também é a que possui a maior capacidade de produção (59,3% do total nacional) e demanda (75% do consumo nacional) de energia do país. Existem 176 usinas hidrelétricas na região, com destaque para Itaipu, Furnas, Porto Primavera e Marimbondo.
Bacia do Parnaíba
Com 344.112 km2 de área (3,9% do território nacional), a Bacia do Parnaíba ocupa 99% do Piauí, 19% do Maranhão e 10% do Ceará. No Piauí, a água subterrânea representa a principal fonte de abastecimento da população. Em áreas semiáridas, nas quais muitos rios são intermitentes (ou seja, descontínuos, que terminam e recomeçam por intervalos), é a única alternativa para os habitantes.
Parte da Bacia do Parnaíba é marcada por um elevado índice de pobreza, e a proporção da população que se encontra em zonas rurais (40%) é alta em relação à média nacional (18,2%). Nessa região, a utilização média de água por hectare é superior à média do Brasil. Um dos motivos para isso é a intensa perda de água para a atmosfera, causada pela evaporação a partir do solo e pela transpiração das plantas.
Bacia do São Francisco
Conhecido como o rio da integração nacional, o São Francisco tem sido cenário de fatos históricos do país. Sua região hidrográfica abrange sete Estados: Minas Gerais, Distrito Federal, Goiás, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
Com cerca de 2.700 km de extensão, o São Francisco nasce na Serra da Canastra (MG) e corre para o norte, seguindo até Pernambuco, onde muda o percurso para o Sudeste e desagua no Oceano Atlântico entre Alagoas e Sergipe. Ao todo são 168 afluentes, dos quais 99 constantes e 69 intermitentes.
As hidrelétricas da bacia do São Francisco são responsáveis por grande parte do abastecimento de energia da Região Nordeste. São 33 usinas em operação – nove no próprio rio São Francisco. Além disso, as barragens também são usadas para abastecimento, lazer e irrigação.
Bacia do Atlântico Leste
Com uma área que corresponde a 8% do país (374.677 km²), a região hidrográfica do Atlântico Leste inclui parte dos Estados de Sergipe, Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo. Atinge 526 cidades, alguns grandes núcleos urbanos e um parque industrial.
Entre seus principais rios estão o Paraguaçu, Contas, Salinas, Pardo, Jequitinhonha e Mucuri. Além disso, nas bacias costeiras, entre Sergipe e Espírito Santo, também existe uma grande diversidade de rios, córregos e riachos.
Bacia do Atlântico Sul
A região hidrográfica Atlântico Sul tem início na divisa dos Estados de São Paulo e Paraná e se estende até o Arroio Chuí, no extremo sul do país. Com uma área total de 185.856 km2 (2% do país) a região abrange partes dos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Na bacia do Atlântico Sul, predominam rios de pequeno porte que escoam diretamente para o mar. As exceções mais importantes são os rios Itajaí e Capivari, em Santa Catarina, que apresentam maior volume de água. Na região do Rio Grande do Sul são encontrados rios de grande porte, como o Taquari-Antas, Jacuí, Vacacaí e Camaquã.
Bacia do Uruguai
Com 2.200 km de extensão, o rio Uruguai nasce na junção dos rios Pelotas e Peixe, e segue em direção ao oeste dividindo os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em seu caminho, ele também se une com o rio Peperi-Guaçu, servindo de fronteira entre Brasil e Argentina. Seguindo na direção sudoeste, o Uruguai se une com o rio Quarai (que limita o Brasil e o Uruguai) e daí toma a direção sul, passando a dividir Argentina e Uruguai até a sua foz.
A região hidrográfica do Uruguai tem grande importância para o país, pois atende a agroindústria e tem grande potencial hidrelétrico. Junto com as regiões hidrográficas do Paraná e Paraguai, ela forma a grande bacia do Prata.
A bacia do Uruguai se divide entre os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Sua área total 385.000 km2, sendo que 45% em território nacional.
http://www.riodejaneiroaqui.com/pt/antigas-lagoas.html
Baía de Guanabara
Os principais remanescentes de manguezais da baía de Guanabara (figura 2) encontram‐se na faixa
que se estende ao longo da orla dos municípios de Magé, Guapimirim, Itaboraí e São Gonçalo, na
porção leste da baía (figura 5). Estudos realizados pelo NEMA/UERJ (Soares et al., 2003, 2006;
Cavalcanti et al., 2009) comprovam que os manguezais dessa região são os mais conservados da baía
de Guanabara. Dentre esses manguezais, aqueles localizados na parte central da Área de Proteção
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 269
Ambiental Guapimirim e da Estação Ecológica Guanabara, localizados entre os rios Guapi e
Guaxindiba, compõem os remanescentes mais conservados desse ecossistema na baía de
Guanabara. Ainda nessa região encontramos trechos bem conservados, porém já submetidos a forte
pressão antrópica, nos limites das referidas unidades de conservação, nas regiões do rio Suruí, rio
Iriri e Piedade, no município de Magé e na região de Itaóca, no município de São Gonçalo.
http://portalgeo.rio.rj.gov.br/protocolo/pcontrole/documentos/mangues_mario_1.Pdf
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