O agricultor Claudio Hamilton Pereira da Luz vê com desgosto a mancha de areia que se forma em meio à sua plantação de milho em Passo Novo, no Sudoeste do Rio Grande do Sul. “É por causa do mau uso da terra”, explica o pequeno produtor, que mora no assentamento Novo Alegrete, a 520 km de Porto Alegre. “Até maio de 2008, aqui era uma fazenda de soja”.
Em todo o estado, estima-se que pelo menos seis mil hectares da zona rural estejam tomados pela areia. O fenômeno da arenização não depende apenas da ação humana, mas é consenso entre os pesquisadores que a expansão da agricultura comercial ajuda a intensificar os processos erosivos. O desmatamento da flora nativa para plantação de soja, por exemplo, leva à extinção da vegetação em regiões específicas do estado e contribui para que o solo fique mais exposto ao vento e às tempestades.
Os altos índices de chuva e o solo arenoso da região criam sulcos no interior do solo e abrem fendas que se expandem a cada enxurrada, formando crateras de areia chamadas de “voçorocas”. Com a ação do vento, a areia se espalha sobre os campos e dá origem a manchas como aquela que Claudio observa na localidade de Passo Novo.
Das 56 famílias assentadas em Novo Alegrete, pelo menos quatro lotes têm o plantio impossibilitado pelos areais. Como aquele costumava ser um terreno de monocultura, os moradores acreditam que a diversificação dos cultivos pode evitar que o problema se repita nos lotes vizinhos: “Aqui tem canavial, também se planta milho, aipim, batata doce…”, enumera o produtor. “Como está chovendo muito, eu tenho plantado mais milho”.
Segundo o pesquisador Roberto Verdum, o problema não são apenas as monoculturas, mas o manejo inadequado dos terrenos. “O primeiro grande momento de crescimento da demanda por soja foi nos anos 70, e os médios e grandes proprietários nunca tiveram a preocupação de não expor o solo. A areia, para eles, já fazia parte da paisagem”, analisa Verdum, professor do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “Como aquela era há séculos uma região típica de pastoreio, a expansão da agricultura comercial também fez com que se diminuísse a área destinada à pecuária. E, como o número de cabeças de gado por hectare não diminuiu proporcionalmente, o aumento da pressão sobre o terreno também intensificou os processos erosivos nos pampas”.
A área conhecida como pampa rio-grandense, também chamada de campanha gaúcha, ocupa cerca de 176 mil km² – ou 2% do território nacional – próximo à fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina e o Uruguai. Com uma vegetação nativa composta por gramíneas e plantas rasteiras, o bioma localiza-se na área de maior predominância de campos naturais preservados do Brasil.
Êxodo rural
As pequenas propriedades da zona rural do município de São Francisco de Assis estão entre as mais afetadas pela erosão. Maria Gloreti Brito precisou deixar a localidade de Santa Maria do Ibicuí – entre Alegrete e São Francisco de Assis – e hoje mora em São Leopoldo, na região metropolitana de Porto Alegre: “No meu lote tem muita areia”, conta.
No final dos anos 1970, a Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul implantou o chamado Plano Piloto de Alegrete, um conjunto de pesquisas empíricas para “recuperação dos desertos” que concluiu que o eucalipto era a espécie que melhor se desenvolvia sobre os areais. Por três décadas, o governo e a iniciativa privada investiram no plantio da árvore, sob pretexto de incorporar áreas desmatadas ou pouco férteis ao sistema produtivo.
Com a chegada da empresa sueco-finlandesa Stora Enso na região, em 2007, tornou-se evidente que os projetos de monocultura de eucaliptos nos pampas, além de não solucionarem o problema da erosão, perpetuavam a lógica do agronegócio no estado. Segundo informações do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Francisco de Assis, foram 11 mil hectares vendidos para grandes empresas para produção de eucaliptos no município nos últimos seis anos.
“Os pequenos produtores, sem alternativa, são forçados a vir para a cidade, formando novas vilas, favelas, porque ficam sem emprego. E o que antes era terreno de agricultura familiar, virou eucalipto”, lamenta o presidente do sindicato, Aureliano Pires.
Mesmo sem números precisos do êxodo rural na região, a maior preocupação da entidade em 2017 é a segurança alimentar da população. Representante dos pequenos produtores do município, Aureliano Pires chama atenção para o crescimento do mercado consumidor de alimentos na zona urbana: “Antes, a agricultura familiar produzia 70% do que era consumido na cidade. De repente, a demanda por comida aumentou, mas não há quem produza”, alerta. “A gente sabe que essa areia tem a ver com o mau uso da terra, com as monoculturas de soja e de fumo, que tem muito aqui na região. Só que a alternativa que a gente propõe como produtores não é o eucalipto, mas um novo estímulo à agricultura familiar”.
Concentração fundiária
O Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor brasileiro de soja – na safra 2015-2016, o estado produziu 16 milhões de toneladas. “A soja teve uma baixa entre 1985 e 1990, mas de uns dez anos para cá, com a nova retomada do mercado global de commodities, grandes produtores estão voltando a comprar áreas para lavoura naquela região”, aponta Roberto Verdum. Na última safra, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), cerca de 5,5 milhões de hectares do território gaúcho foram utilizados exclusivamente para o plantio de soja.
O pesquisador da UFRGS reconhece que existe uma relação entre arenização e concentração fundiária na região dos pampas, principalmente no que se refere à sojicultura. “Se você tem uma pequena propriedade e 25% dela é atacada por processos erosivos, isso é um problemão. Mas o grande proprietário geralmente não se importa se há uma ou outra mancha. Para ele, não faz diferença, porque ele tem muitos hectares. Então ele não vai mexer, não vai cuidar”, exemplifica o geógrafo. “Mas os estudos sobre a arenização costumam ficar só na parte técnica, no manejo da terra. O debate que envolve a questão fundiária é um debate político que ainda não foi feito”, admite.
Fonte: Brasil de Fato
EcoAgência > Notícia
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Bioma Pampa
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Segunda-feira, 19 de Dezembro de 2016
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Soja, silvicultura e mineração pressionam biodiversidade e economia do Pampa gaúcho
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Área mais bem conservada do Pampa, região das guaritas, na Serra do Sudeste, vem sendo alvo de interesse de grandes mineradoras, abrindo debate sobre qual melhor modelo de desenvolvimento para o esse território. |
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Eduardo Vélez
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Por Marco Weissheimer, Sul 21
Há cerca de 20 anos, quase ninguém dava muita atenção ao Pampa gaúcho, apesar dessa região ocupar 63% do território do Rio Grande do Sul. Essa situação começou a mudar em 2004, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) delimitou os seis biomas brasileiros. De lá para cá, a região passou a frequentar mais o vocabulário da população, mas também passou a ser objeto da pressão de atividades econômicas como a agricultura tradicional, especialmente a cultura da soja, a silvicultura e, mais recentemente, a mineração. Hoje, em termos relativos, o Pampa é o segundo bioma mais degradado do Brasil. “Se somarmos os efeitos do avanço da agricultura e os da silvicultura, a preocupação é muito grande. Não é alarmismo”, diz o biólogo Eduardo Vélez, em entrevista ao Sul21. Doutor em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Vélez aponta como essas ameaças se materializam na região:
“Se andarmos em uma fazenda, não importa se pequena ou grande, onde há pecuária em campo nativo, a gente vê que tem perdiz, gaviões, tatu e uma série de animais que só estão ali por causa da presença da vegetação nativa. Você não encontrará essa biodiversidade em uma área de silvicultura ou soja”. Assinala. Para o biólogo, quem defende uma perspectiva ambientalmente correta para o Pampa entende que, ao invés de ficar investindo na agricultura tradicional e na silvicultura, nestas áreas de campo nativo, se deveria qualificar a pecuária em campo nativo e investir em uma área que tem um potencial ainda inexplorado: o turismo ecológico e histórico. Esse debate sobre qual o modelo de desenvolvimento mais apropriado para o bioma está sendo travado agora na região mais bem conservada do Pampa gaúcho, a Serra do Sudeste, alvo de vários projetos de mineração.
Sul21: Como nasceu seu interesse pelo bioma Pampa como objeto de pesquisa?
Eduardo Vélez: Eu me dedico há muitos meses com pesquisas na área da biodiversidade, com uma preocupação especial com os ecossistemas que são característicos do Sul do Brasil. Nos últimos anos, decidi me dedicar mais aos campos nativos e, em especial, ao Pampa. Há cerca de 20 anos, quase ninguém falava do Pampa. O tradicionalismo usava um pouco a palavra “pampa”, mas não havia um espaço geográfico definido como tal. Passamos a reconhecer o Pampa como uma delimitação geográfica específica a partir do mapa do IBGE de 2004 que delimitou os seis biomas brasileiros. A partir daí, o Pampa passou a entrar na agenda nacional. O próprio Ministério do Meio Ambiente tratava o Pampa, até então, como uma parte da Mata Atlântica. Após o mapa do IBGE, passou a tratar a região como um espaço diferenciado no território nacional, com uma fauna, uma flora e um ecossistema típicos, muito parecido com o que existe no lado uruguaio e em parte da Argentina, e diferente do que existe em todo o restante do Brasil.
Sul21: O que o Pampa representa em termos de território do Rio Grande do Sul?
Eduardo Vélez: Ele ocupa cerca de 63% do território do Estado. É toda metade Sul, mais um pedaço da Fronteira Oeste, subindo para as Missões. Nestas regiões, as florestas são menos predominantes. O Rio Grande do Sul tem uma parte que é florestal, da Mata Atlântica, e uma parte campestre, que nunca foi floresta. Tem floresta em todo o Pampa, mas como um elemento minoritário. Talvez seja por isso que, ao longo da história, o Pampa não tenha despertado tanta atenção como tem no presente. O que se sabia, de modo geral, é que lá havia muitas fazendas com criação de gado, mas não tinha a opulência das florestas. Não havia o apelo da madeira e do desmatamento que ocorreu na metade norte do Estado, onde as florestas foram dizimadas. Nesta região, houve um boom de madeireiras que acabou com a floresta de araucária, com a floresta estacional e com a Mata Atlântica propriamente dita, que hoje sobrevive em áreas do Litoral norte do Estado.
Essa tendência comum no Brasil de achar que natureza é igual a floresta acabou prejudicando a tomada de consciência em relação ao Pampa. De 2004 para cá, porém essa tendência tem sido revertida. Hoje, temos o Dia do Bioma Pampa e há toda uma preocupação social com essa região, entendendo a sua singularidade e que o campo nativo é um ecossistema tão importante quanto as florestas. Muita gente tem dificuldade em dar um valor estético ao campo, pois parece que é tudo grama. Só que, quando os botânicos examinam um metro quadrado de campo, acham 30 ou 40 espécies, ao contrário de uma grama plantada que tem uma espécie só. É uma biodiversidade que parece ser invisível.
Sul21: Quais são as principais ameaças que o Bioma Pampa enfrenta hoje?
Eduardo Vélez: O Pampa sofre duas grandes ameaças em termos de área: a febre de plantar soja em tudo que é lugar e a silvicultura. A soja tem feito muito mal ao Pampa nos últimos anos. A região tem sido uma fronteira de expansão dessa cultura que tem avançado não só sobre áreas onde havia arroz, mas também sobre áreas de campos nativos. Estão plantando soja inclusive em áreas de pouca aptidão para essa cultura. Não uma oferta de água constante nesta região ao longo dos anos. Por isso, às vezes uma região do Pampa apresenta uma ótima produção e depois vem dois ou três anos com uma baixa produção. A segunda ameaça é a silvicultura que consegue entrar em áreas que a agricultura não entra. A agricultura de grãos exige um solo plano, com maior profundidade, enquanto a silvicultura consegue se desenvolver em solos ondulados e com menos profundidade.
Se somarmos os efeitos do avanço da agricultura e os da silvicultura, a preocupação é muito grande. Não é alarmismo quando se critica os grandes projetos de expansão de silvicultura no Pampa. Há duas coisas a serem consideradas aqui. A primeira é que essa região é hoje, em termos relativos, o segundo bioma com maior grau de degradação no Brasil. O Pampa é pequeno, comparado com os demais biomas, mas se pegarmos a sua área total e calcularmos a proporção do que sobra de vegetação nativa em relação à área total ele é o segundo bioma que mais perdeu. O primeiro é a Mata Atlântica.
A segunda é que o Pampa tem uma matriz produtiva com grande grau de sustentabilidade, que é a pecuária em campo nativo. Essa pecuária é praticada em um campo que nunca foi plantado, onde as espécies estão adaptadas aquele ambiente e crescem independente de fertilização e semeadura. É um ativo que a natureza oferta de graça. Esse é um modelo de pecuária totalmente diferente daquela praticada no Centro Oeste e Norte do Brasil, onde é preciso derrubar florestas e plantar uma gramínea para ter comida para o gado. No Pampa, o gado come um pasto que já estava disponível antes da própria introdução do gado. Do ponto de vista ecológico, essa é uma forma de uso sustentável de vegetação nativa.
Se andarmos em uma fazenda, não importa se pequena ou grande, onde há essa pecuária em campo nativo, a gente vê que tem perdiz, gaviões, tatu e uma série de animais que só estão ali por causa da presença da vegetação nativa. Você não encontrará essa biodiversidade em uma área de silvicultura ou soja. Embora existam situações onde o excesso de lotação de gado é prejudicial, na média, temos um ecossistema nativo que está sendo conservado convivendo com produção econômica. Isso é um ativo que o Estado tem e não está aproveitando. Essa produção ecologicamente sustentável ainda não é diferenciada da outra pecuária que envolve desmatamento e outras práticas agressivas. Isso poderia inclusive agregar valor ao produto.
Há algumas pequenas iniciativas neste sentido como o projeto da Alianza del Pastizal, primeira iniciativa regional sulamericana para a conservação dos campos nativos, que já tem um selo para a identificação da carne vinda dessas áreas. Mas isso ainda não é explorado em escala. Quem defende uma perspectiva ambientalmente correta para o Pampa entende que, ao invés de ficar investindo na agricultura tradicional e na silvicultura, nestas áreas de campo nativo, se deveria qualificar a cadeia produtiva da carne produzida no Pampa, conseguindo vantagens diferenciadas de mercado com isso.
Sul21: Outra atividade econômica que está se desenvolvendo nesta área é a produção de vinhos. Na sua opinião, essa pode ser uma boa alternativa?
Eduardo Vélez: Tem se criticado muito a metade Sul e o Pampa como uma região economicamente atrasada. Em parte, essa visão do atraso esteja relacionada ao fato de que o Pampa nunca apostou na sua diversificação econômica. As culturas do vinho e das oliveiras estão começando agora a dar seus frutos. Essa diversificação econômica é importante, mas, do ponto de vista do que já tem escala na região, a principal aposta é mesmo a pecuária em campo nativo. Outra área que tem um potencial ainda inexplorado é o turismo ecológico que pode ser associado ao turismo rural e ao turismo histórico. Nós temos um fluxo enorme de argentinos que passam por essa região todos os anos e não param. Poderiam parar se houvesse uma rede de unidades de conservação, como ocorreu, por exemplo, na região do Itaimbezinho, com a estruturação do Parque Nacional de Aparados da Serra.
Sul21: Quais regiões do Pampa, na sua avaliação, tem um maior potencial turístico?
Eduardo Vélez: A região da Serra do Sudeste é uma delas. Esse território, com um relevo um pouco mais alto, é a região mais bem conservada do Pampa. É a região das guaritas, em Caçapava do Sul e Santana da Boa Vista, um território com muitos afloramentos rochosos formados há milhões de anos, onde se desenvolveu uma vegetação adaptada a essa condição. Temos muitos cactos, por exemplo, que só ocorrem nesta região.
Sul21: Essa área hoje está no meio de uma polêmica em função de um projeto de mineração de chumbo…
Eduardo Vélez: Sim. Essa área abrigou, durante muito tempo, a Companhia Brasileira de Cobre, criada por Getúlio Vargas, que hoje está desativada. Trata-se de uma região geologicamente muito rica com um alto potencial de mineração. Esse projeto da mineração de chumbo é uma espécie de porta de entrada para explorar esse potencial que abre um debate sobre o futuro da região: se ela vai virar uma grande área de mineração às custas do ativo ambiental que existe, ou se esse ativo ambiental vai ser priorizado, eventualmente convivendo com algum grau de mineração.
O que preocupa neste empreendimento é o tipo de exploração mineral que eles vão fazer, envolvendo elementos com grande poder de contaminação, especialmente o chumbo. Não se trata, na minha opinião, de estabelecer um veto absoluto a qualquer mineração na região, mas ela não pode comprometer o potencial ambiental gigantesco dessa área e tampouco oferecer risco de contaminação. O projeto desse empreendimento está descolado de uma visão de desenvolvimento ambiental da região e apresenta um grande potencial de contaminação. Vários pesquisadores encontraram, no EIA-RIMA do projeto, uma série de falhas e omissões de informações sobre o tratamento de resíduos, a qualidade das águas e outras questões.
Há quem defenda que a minha terá um impacto localizado numa determinada área. O território do qual estamos falando e que tem um enorme ativo ambiental é muito grande, abrangendo milhares de hectares. Os defensores do projeto dizem que a mina não resultará em uma ocupação física muito grande. O que preocupa, porém, é como pode se alastrar o potencial de contaminação. Se houver algum acidente com chumbo na beira do rio Camaquã, a contaminação atingirá uma área muito grande. Esse é o debate que precisa ser feito.
Outro tema importante diz respeito ao modelo de desenvolvimento. Existe um grande número de pecuaristas familiares nesta região que fazem uma pecuária de grande qualidade ambiental e vem obtendo ganhos de produtividade auxiliados pelo trabalho que a Embrapa Pecuária Sul, de Bagé, realiza. Há um sistema articulado de pequenos pecuaristas familiares que têm propriedades pequenas e médias. Eles também estão muito preocupados com a possibilidade de contaminação uma vez que vem trabalhando para diferenciar a carne que produzem como um produto ambientalmente diferenciado. Se houver algum risco de contaminação por chumbo, quem é que vai querer comprar essa carne? Então, esse projeto tem implicações econômicas e ambientais sérias para a região que hoje tem justiça social, com uma boa distribuição fundiária, e tem uma atividade que não usa agrotóxicos.
Sul21: As características geográficas e geológicas dessa região, que impuseram uma espécie de barreira à agricultura tradicional, parecem ter desempenhado um papel importante para o surgimento desse modelo alternativo de desenvolvimento…
Eduardo Vélez: Exatamente. Um debate similar está relacionado ao tema da silvicultura. Quando as empresas apresentaram, anos atrás, a ideia de expandir a silvicultura no Pampa surgiu um debate público que resultou, entre outras coisas, em um zoneamento da silvicultura. Foi uma experiência muito interessante do ponto de vista ambiental, definindo limites para a expansão da silvicultura em diferentes regiões do Estado, levando em conta a capacidade de oferta de água e os ativos ambientais de cada região.
No caso da Serra do Sudeste, temos um cenário de uso sustentável que está com pouco valor agregado. Poderia ser criada ali uma grande unidade de conservação federal, do tipo APA (Área de Preservação Ambiental) ou um refúgio de vida silvestre que pode manter a titularidade privada com indicações de uso. Poderia se pensar em alguns tipos de benefícios para os proprietários que decidissem dar essa destinação para suas terras. É possível, em resumo, criar nesta região uma indústria de turismo ecologicamente sustentável aproveitando todo o seu potencial ambiental.
Sul 21 / EcoAgência |
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