As incineradoras são um método obsoleto e insustentável de lidar com os resíduos. Á medida que a oposição global à incineração continua a crescer estão a ser desenvolvidas e adaptadas em todo o mundo filosofias e práticas inovativas para uma gestão sustentável de resíduos.
Secção 1: Os problemas da incineração
A secção 1 lida com problemas da incineração de resíduos: descargas de poluentes tanto para o ar como para outros meios; custos econômicos e custos de emprego, perda de energia, insustentabilidade e incompatibilidade com outros sistemas para a gestão de resíduos. Também lida com os problemas específicos dos países do Sul.
As dioxinas são os poluentes mais eminentes associados às incineradoras. Estes são os causadores de uma grande variedade de problemas de saúde que incluem o cancro, danos no sistema imunitário, problemas reprodutivos e de desenvolvimento. As dioxinas bio-intensificam, isto é, passam para a cadeia alimentar da presa para o predador, concentrando-se na carne e nos produtos latícineos e por último no Homem. As dioxinas são de particular preocupação, pois são ubíquos no meio ambiente (e no Homem), a níveis que já demonstraram causar problemas de saúde, implicando que neste momento estão populações inteiras a sofrer os seus efeitos maléficos. As incineradoras são a principal fonte de dioxinas a nível mundial.
Usina de queima de lixo da cidade de Malmö na Suécia (Fonte: Wikipédia)
As incineradoras são a maior fonte de poluição por mercúrio, sendo a sua contaminação de vasto alcance, prejudicando as funções motora, sensorial e cognitiva. Sendo também uma fonte significativa de poluição por metais pesados tais como o chumbo, cádmio, arsénico, crómio e berílio.
Outros poluentes que causam preocupação incluem (não dioxinas) hidrocarbonetos halogénicos, gases ácidos, que são percursores da chuva ácida; partículas que prejudicam as funções pulmonares; e gases que provocam o efeito de estufa. Contudo, a caracterização das descargas de poluentes das incineradoras ainda está incompleta e estão presentes nas emissões de ar e nas cinzas muitos componentes não identificados.
Os operadores das incineradoras afirmam várias vezes que as emissões estão sob controle, mas as evidências indicam que este não é o caso. Primeiro, para muitos poluentes tais como as dioxinas qualquer emissão adicional é inaceitável. Segundo, a verificação das emissões é irregular e bastante imperfeita, deste modo não são verdadeiramente conhecidos os actuais níveis de emissões. Terceiro, a informação existente indica que as actuais incineradoras são incapazes de satisfazer o actual padrão regulatório.
Quando o equipamento para o controle de poluição funciona, remove os poluentes do ar concentrando-os nas cinzas soltas, criando um fluxo perigoso de resíduos tóxicos que necessita de um tratamento adicional. Deste modo o problema da libertação de poluentes não está resolvido; os poluentes são simplesmente transferidos de um meio (ar) para outro (sólido ou água). As cinzas libertadas pelas incineradoras são bastante perigosas e são muitas vezes mal reguladas. Nem os aterros sanitários são
seguros, porque deixam passar substâncias perigosas; em alguns lugares as cinzas estão expostas ao ambiente ou até espalham-se por áreas residenciais ou áreas de produção alimentar.
As incineradoras, estão muitas vezes situadas em redor de populações minoritárias de baixo rendimento, com a teoria de que estes sectores da população politicamente fracos, serão menos capazes de resistir-lhes. Isto é uma violação dos princípios básicos da justiça ambiental.
As incineradoras modernas são de longe, a abordagem mais dispendiosa para a gestão de resíduos, só os custos da construção podem ser centenas de milhões de dólares americanos. Os custos do edifício e do funcionamento da incineradora, são inevitavelmente suportados pelo público. As companhias de incineradoras tem inventado vários esquemas de financiamento complicados, para conseguirem o apoio do governo em pagamentos a longo prazo, o que várias vezes provou ser desastroso para os governos locais. Muitas cidades, nos Estados Unidos, endividaram-se devido às suas incineradoras.
As incineradoras criam de longe menos empregos por toneladas de resíduos do que as tecnologias alternativas e práticas, tais como a reciclagem. Geralmente, também substituem o trabalho em rede de reciclagem informal, já existente, causando dificuldade adicional ao mais pobre dos pobres.
As incineradoras são muitas vezes conhecidas como produtoras de energia, visto poderem produzir electricidade. No entanto, uma análise detalhada do ciclo de actividade revela que as incineradoras gastam mais energia do que produzem. Isto porque os produtos que são incinerados, devem ser substituídos por novos produtos. Extraindo e processando materiais virgens, transformando-os em novos produtos, gasta muito mais energia – causando também mais danos ao meio ambiente – do que seria usar de novo, ou produzindo materiais reciclados.
A grande parte da história da incineração de resíduos, tem sido nos países do Norte. Os contextos dos países do Sul são capazes de ser ainda mais problemáticos para esta tecnologia. A falta de capacidade de monitoramento, significa que as incineradoras são capazes de ser ainda mais poluidoras do que as do Norte. Problemas administrativos, tais como orçamentos incertos e a corrupção, podem interferir com a manutenção necessária. As diferentes condições fisicas, tais como o tempo e as características dos resíduos, podem tornar as operações difíceis ou até mesmo impossíveis.
Usina de queima de lixo da cidade de Bremen na Alemanha
Finalmente, deve ser entendido que as incineradoras são incompatíveis com outras formas de gestão de resíduos. As incineradoras competem para o mesmo orçamento e materiais descartáveis com outras formas de gestão de resíduos, subestimando a ética da de separação na fonte, que gere o manejo apropriado dos resíduos.
A concentração demográfica nas grandes cidades e o grande aumento do consumo de bens geram uma enorme quantidade de resíduos de todo o tipo. Toneladas de matérias-primas, procedentes tanto das residências como das atividades públicas e dos processos industriais, são industrializadas e consumidas gerando rejeitos e resíduos, que são comumente chamados lixo. Seria isto lixo mesmo? Lixo é basicamente todo e qualquer material descartado, proveniente das atividades humanas.
Como se percebe, o lixo é gerado em todos os lugares. E se a este for dado um destino final inadequado?
O lixo que é retirado pelos caminhões coletores da porta de nossas casas vai para algum lugar. Muitas vezes esse lugar é impróprio, isto é, o lixo é jogado numa porção de terreno, sem nenhuma preparação para evitar os danos que ele pode causar. Esses locais chamam-se depósitos clandestinos de lixo ou lixões.
Mas há também lugares onde o lixo recebe algum tipo de tratamento, seja ele incinerado ou alocado em aterros, com normas de controle.
E afinal, qual o destino para aquele saco de lixo?
Depósitos clandestinos
São aqueles locais onde um determinado cidadão ou empresa começa a jogar seu lixo. Em poucos dias o monturo vai-se avolumando e muitos começam a jogar seus dejetos lá. Esses depósitos representam uma grave ameaça à saúde pública, devem ser combatidos e denunciados.
Se você tem conhecimento de algum depósito clandestino de lixo, denuncie-o ao órgão responsável pelo controle ambiental em seu estado ou município.
Lixões
Os lixões também são depósitos de lixo, sem nenhuma preparação preliminar do solo, com a diferença de que são institucionalizados, isto é, autorizados pelas Prefeituras. No Brasil esse problema é gravíssimo, em 64% dos municípios brasileiros, todo o lixo produzido é despejado indevida e irregularmente em lixões. Esses depósitos não tem nenhum sistema de tratamento de efluentes líquidos - o chorume (líquido de cor negra característico de matéria orgânica em decomposição). Este penetra pela terra levando substancias contaminantes para o solo e para os lençóis freáticos, causando a poluição do solo, da água que bebemos e do ar, pois as queimas espontâneas são constantes. Além de problemas de saúde causados pela poluição e doenças.
O lixão traz ainda mais um problema: atrai a população mais carente e desempregada, que passa a se alimentar dos restos encontrados no lixo e a sobreviver dos materiais que podem ser vendidos. Esse tipo de degradação humana não pode mais ser permitida e somente a erradicação total dos lixões vai solucionar essa situação.
Verifique para onde o lixo de seu município está sendo levado. Se for um lixão, não aceite, reclame das autoridades da prefeitura outra solução, pois todos os habitantes da cidade estão tendo sua qualidade de vida e saúde afetadas por essa situação.
Incineradores
Incineradores são grandes fornos onde o lixo sofre uma queima controlada, com filtros, com a finalidade de evitar que os gases formados na combustão dos materiais atinjam e poluam a atmosfera. Eles tem a grande vantagem de reduzirem o volume do lixo em até 85%, mas mesmo assim existe uma sobra de cinzas e dejetos (os outros 15%), que precisam necessariamente ser levados para um aterro sanitário.
Os incineradores têm alto custo de implantação, manutenção e operação e existe muita polêmica sobre a segurança dos sistemas de filtragem, pois há evidências de que mesmo pequenas falhas podem liberar gases altamente tóxicos, causadores de câncer. Os incineradores são entretanto a forma mais indicada de tratamento para alguns tipos de lixo, como os resíduos hospitalares e resíduos tóxicos industriais.
Aterros Controlados
Os aterros chamados de controlados, geralmente são antigos lixões que passaram por um processo de remediação da área do aterro, ou seja, isolamento do entorno para minimizar os efeitos do chorume gerado, canalização deste chorume para tratamento adequado, remoção dos gases produzidos em diferentes profundidades do aterro, recobrimento das células expostas na superfície, compactação adequada, e gerenciamento do recebimento de novos resíduos.
O gerenciamento de todas essas características permite que o aterro passe a ser controlado.
Aterros Sanitários
São ainda a melhor solução para o lixo que não pode ser reaproveitado ou reciclado. Trata-se de áreas de terreno preparados para receber o lixo, com tratamento para os gases e líquidos resultantes da decomposição dos materiais, baseado em critérios de engenharia e normas operacionais específicas.
Estas normas e critérios permitem a confinação segura do lixo, em termos de controle da poluição ambiental e proteção do solo, do lençol freático, das águas superficiais e da atmosfera. Todos os municípios deveriam ter um aterro para colocação do seu lixo. Dependendo do volume de lixo gerado, existem aterros que podem ser implantados sem a necessidade de um grande dispêndio de recursos, sendo acessíveis a qualquer Orçamento Municipal.
Pressione o prefeito e os vereadores de sua cidade a implantarem um aterro sanitário o mais rápido possível, para armazenamento do lixo. Não aceite desculpas, como falta de recursos: o aterro sanitário é tão necessário à manutenção da saúde em seu município quanto as demais atividades do governo municipal.
A eliminação e possível reaproveitamento do lixo são um desafio ainda a ser vencido pelas sociedades modernas. Qualquer iniciativa neste sentido deverá absorver, praticar e divulgar os conceitos complementares de REDUÇÃO, REUTILIZAÇÃO e RECICLAGEM.
Coleta Seletiva de Lixo
É um processo que consiste na separação e recolhimento dos resíduos descartados por empresas e pessoas. Desta forma, os materiais que podem ser reciclados são separados do lixo orgânico (restos de carne, frutas, verduras e outros alimentos). Este último tipo de lixo é descartado em aterros sanitários ou usado para a fabricação de adubos orgânicos.
No sistema de coleta seletiva, os materiais recicláveis são separados em: papéis, plásticos, metais e vidros. Existem indústrias que reutilizam estes materiais para a fabricação de matéria-prima ou até mesmo de outros produtos.
Pilhas e baterias também são separadas, pois quando descartadas no meio ambiente provocam contaminação do solo. Embora não possam ser reutilizados, estes materiais ganham um destino apropriado para não gerarem a poluição do meio ambiente.
O lixo hospitalar também merece um tratamento especial, pois costuma estar infectado com grande quantidade de vírus e bactérias. Desta forma, é retirado dos hospitais de forma específica (com procedimentos seguros) e levado para a incineração em locais especiais.
A coleta seletiva de lixo é de extrema importância para a sociedade. Além de gerar renda para milhões de pessoas e economia para as empresa, também significa uma grande vantagem para o meio ambiente uma vez que diminui a poluição dos solos e rios. Ela também contribui significativamente para a vida útil do aterro sanitário, uma vez que a quantidade de resíduos que será descartado para o aterro é menor. Este tipo de coleta é de extrema importância para o desenvolvimento sustentável do planeta.
A natureza não selecionada do fluxo de resíduos municipais destrói muito do seu valor. Os resíduos orgânicos contaminam os resíduos recicláveis e os tóxicos e destroem a utilidade de ambos. Além de uma crescente porção dos resíduos serem sintéticos e outros produtos que não são próprios para uma fácil reciclagem; estes precisam de ser desenhados de novo para serem compatíveis com o sistema de reciclagem, ou colocados fora de uso.
Os programas para a gestão de resíduos municipais devem ser conforme as condições locais para terem sucesso, e não haverá dois exactamente semelhantes. Particularmente, os programas do Sul não devem seguir exactamente o modelo dos do Norte, porque existem diferenças nas condições físicas, econômicas, legais e culturais. Particularmente no Sul, o sector informal (apanhador de lixo ou varredores de ruas) são componentes significativos de um sistema para o lixo já existente e o melhoramento das suas condições de emprego deve ser um componente central de qualquer sistema municipal para a gestão de resíduos. Um exemplo de grande sucesso é o do Zabbaleen do Cairo, organizaram por si próprios um sistema de recolha e reciclagem de lixo, que desvia 85% do lixo recolhido e emprega 40.000 pessoas.
Geralmente, no Norte e no Sul, os sistemas para a gestão de resíduos orgânico, são os componentes mais importantes de um sistema municipal para gestão do lixo. Os resíduos orgânicos deviam ser transformados em adubo, vermiadubo ou servir de alimentos para animais, retornando assim, para o solo, os seus nutrientes. Isto também assegura um fluxo de produtos recicláveis não contaminados, que é a chave da economia de fluxo alternativo para os resíduos. A reciclagem cria mais empregos por tonelada de lixo do que qualquer outra actividade, produzindo um fluxo de materiais que pode servir de matéria prima para a indústria.
No entanto, a maior barreira para a reciclagem, é que a maioria dos produtos não são feitos para serem reciclados no final do seu tempo de uso. Isto porque, actualmente, os produtores tem pouca iniciativa econômica para assim o fazerem. A Responsabilidade Alargada do Produtor é uma política de abordagem que requer que os produtores levem de volta os seus produtos e embalagens. Isto dá-lhes a iniciativa necessária para que voltem a desenhar os seus produtos com tempo de uso, recicláveis e sem materiais perigosos. No entanto, o R.A.P. pode não ser executório ou prático, e em tais casos será apropriada a proibição de produtos e materias problemáticos e perigosos.
Por um lado banindo o uso de determinados produtos e a R.A.P. obrigando as indústrias a desenhar de novo os seus produtos, e por outro, a desagregação do fluxo de resíduos, a sua transformação em adubo e a reciclagem, os sistemas alternativos podem afastar a maior parte do lixo municipais, para longe dos aterros sanitários e da incineração. Muitas comunidades tem alcançado taxas de desvio de 50% e mais altas, e muitos tem os olhos fixos no Lixo Zero.
Os centros de saúde e hospitais, são a fonte de uma quantidade significativa de resíduos. É essencial um sistema rigoroso para a separação do lixo, para que a pequena percentagem de resíduos potencialmente infecciosos ou de químicos perigosos fiquem separados dos resíduos gerais.
Os resíduos potencialmente infecciosos necessitam de tratamento e despejo, para a sua disinfecção, estão disponíveis várias tecnologias de não-incineração. Estas tecnologias geralmente não são dispendiosas, são tecnicamente menos complicadas e menos poluidoras do que as incineradoras.
Nos hospitais e centros de saúde, são produzidos em pequenas quantidades uma grande variedade de resíduos químicos perigosos incluindo produtos farmacêuticos. Estes não são sujeitos à incineração. Alguns, tal como o mercúrio, deviam ser eliminados através de mudanças na sua aquisição; outros podem ser reciclados e o restante deve ser cuidadosamente recuperado e devolvido ao fabricante. Casos estudados, mostram como estes princípios resultam em ambientes bastante variados, tais como uma pequena Clínica de Maternidade, na Índia, e num grande hospital urbano nos Estados Unidos.
Os resíduos industriais não tem a tendência de ser tão variados como os resíduos hospitalares ou municipais, mas muitos destes são quimicamente perigosos (tóxicos). A Produção Limpa é uma nova abordagem à indústria, que com o desenhar de novo os seus produtos procura eliminar produtos secundários tóxicos (perigosos), reduzir totalmente a poluição, criar produtos e subsequentes resíduos que sejam seguros dentro dos ciclos ecológicos. Os princípios da Produção Limpa são:
- Princípio da Precaução, o qual invoca a precaução face a uma incerteza científica.
- Princípio da Prevenção, que diz que é melhor prevenir o mal do que remediá-lo.
- Principio da Democracia, que diz que todos afectados por uma decisão tem o direito de participar na sua resolução.
- e o Princípio Holístico, que requer uma abordagem integrada no ciclo de vida para a tomada de decisões referentes a questões ambientais.
Para a implementação da “Produção Limpa” estão a ser empregues uma variedade de instrumentos, desde medidas políticas tais como o direito de saber e a reforma dos impostos, á apoio das UN ás empresas empreendidas na Produção Limpa.
A Produção Limpa, não pode responder ao problema dos resíduos perigosos já existentes, amontoados ou armazenados, os quais necessitam de alguma forma de tratamento além da incineração. Alguns programas estão a desenvolver tecnologias destinada s a este problema. Os padrões estabelecidos para estas tecnologias são:
- alta eficiência destrutiva;
- controle de todos produtos os tóxicos;
- identificação de todos os produtos tóxicos;
- não ocorrência de emissões descontroladas.
Várias tecnologias emergentes servem estes critérios, e tem sido selecionadas no Japão, Canadá e Austrália, tecnologias para a destruição de PCB, e nos Estados Unidos para a destruição de armas químicas. O programa para a destruição de armas químicas, nos Estados Unidos, é um enorme sucesso devido à forte participação do público, que forçou um governo sem vontade, a investigar e eventualmente selecionar tecnologias seguras e não incineração.
Secção 3: Apagar as Chamas
A secção 3 discute a crescente rejeição à incineração por todo o globo. A oposição pública tem rejeitado muitas incineradoras propostas e já existentes, e tem sido incorporadas nas leis locais,
nacionais e até internacionais. A resistência popular às incineradoras é global; centenas de organizações de interesse público, em dúzias de países, estão empreendidas na luta contra a incineração e a favor das alternativas.
Nos Estados Unidos, interesses de negócio e a notória crise dos aterros sanitários, em 1980, levou a um aumento súbito da construção de incineradoras. Mas este aumento súbito gerou um massivo movimento de base, que anulou mais de 300 propostas para incineradoras municipais para os resíduos. Os ativistas lutaram por padrões mais elevados nas emissões e na remoção de resíduos, o que praticamente provocou o fecho da indústria incineradora, no final do ano de 1990. No Japão, o país do mundo mais intensivo na luta contra as incineradoras, a resistência à incineração é quase universal, com centenas de grupos anti-dioxinas, operando em todo o país.
Nos recentes anos, a pressão pública resultou no encerramento de mais de 500 incineradoras, mas o governo e grandes empresas japonesas, continuam a investir com força na indústria de incineradoras.
Na Europa, a resistência tem sido feita com a implementação de alternativas. Mesmo com o aumento da população, em algumas áreas cortaram drasticamente a formação de resíduos. Como resultado, na Europa, há pouco mercado para novas incineradoras. Em Moçambique, cidadãos organizaram-se, cruzando as linhas da classes e cor, e formaram a primeira organização indígena ambientalista do país. Largamente saudada como o retorno da sociedade civil depois da guerra civil. A organização teve êxito na anulação da proposta para a incineração de pesticidas numa Fábrica de Cimento, situada numa na vicinidade de uma área residencial.
Em qualquer outro lugar, os ativistas tiveram de recorrer aos protestos e à ação directa para parar com a incineração. No entanto, a oposição pública tem vindo a ser cada vez mais manifestada na lei. Em 15 países, a jurisdição passaram proibição parcial às incineradoras, e nas Filipinas a incineração foi totalmente banida.
A lei Internacional também começa a aproximar-se da incineração. Os três princípios da lei internacional são: – precaução, prevenção e limitar os efeitos transfronteiriços – conflito com a incineração.
Porque a incineração é efectivamente um processo sem controle, com produtos químicos desconhecidos e porque muitos desses produtos químicos estão já a afectar a saúde humana, a precaução argumenta que a incineração devia ser evitada.
A prevenção e a redução são largamente referidas na Lei Internacional, mais especificamente na Convenção de Bamako, que define explicitamente a incineração como sendo incompatível com a prevenção e as práticas de Produção Limpa.
Limitar os efeitos trans-fronteiriços é um princípio comum na Lei Internacional; ainda os produtos químicos das incineradoras, porque são transportados mundialmente, contradiz-se claramente este principio.
As Convenções de Londres, OSPAR e Bamako, também aplicam banimentos à incineração no mar e em águas domésticas. No entanto, a Convenção de Estocolmo, não proíbe a incineração, mas aplica severas restrições ao seu uso. Quatro dos 12 químicos sujeitos à Convenção são produtos químicos resultantes da incineração, e a Convenção apela para a continuação na sua redução e eliminação. A Convenção de Estocolmo fala sobre todo o tipo de emissões, não somente as emissões pelo ar, apelando claramente aos países para a prevenção da sua formação – não só a libertação – destes químicos. Na incineração, a formação daqueles quatro químicos é virtualmente inevitável, por isso esta provisão lança um aviso claro que o fim da incineração esta a ficar escuro.Relatório Elaborado Pela Aliança Global Para Alternativas Às Incineradoras/Aliança Global Antiincineradoras (Gaia) 2003. Elaborado por Neil Tangri, Essential Action, USA for the Global Alliance for Incinerator Alternatives/Global Anti-Incinerator Alliance (GAIA).
Conhecida pelo menores índices de corrupção do mundo, a Suécia tornou-se um exemplo para o mundo no que diz respeito a reciclagem de lixo, porém, com o passar do anos um "problema" surgiu, a falta de "matéria-prima" nas usinas geradoras de energia elétrica e térmica a partir da incineração do lixo. E qual foi a solução adotada? Comprar aproximadamente 800 milhões de lixo anualmente de países vizinhos. Isso mesmo! A Suécia compra lixo!
O Sistema sueco é tão eficiente que apenas 4% do lixo produzido vai para aterros sanitários. Os outros 96% são reciclados ou são incinerados para virarem energia. Os subprodutos do processo, como cinzas que contêm dioxinas e metais pesados, são separados e aterrados posteriormente. Atualmente, a Noruega é a principal fornecedora de resíduos à Suécia. Os noruegueses pagam pela incineração e recebem os subprodutos de volta. Itália e Romênia também podem enviar seus lixos para a Suécia, porém, os administradores de tecnologia suecos dizem que a incineração não é uma solução a longo prazo. Segundo eles, é preciso desenvolver cada vez mais possibilidades de reciclagem desse lixo.
Fonte: eCycle.
Sistema de Incineração Direta do Lixo em Belo Horizonte/ MG - Brasil
A incineração de resíduos é uma rota secular de destinação final do lixo, sendo a técnica mais comumente utilizada para o tratamento térmico de resíduos até os dias atuais.
O processo de tratamento térmico com geração de energia a partir dos resíduos urbanos não necessita da implantação de um aterro sanitário. O lixo passa por uma triagem para separação dos materiais potencialmente recicláveis e aqueles que não podem ser submetidos a incineração. Somente são submetidos ao tratamento térmico a matéria orgânica e os resíduos combustíveis não recicláveis, ou seja, exatamente o material que seria destinado ao aterro.
A incineração emprega alta temperatura de fornos para a queima de resíduos, que entram em combustão completa. Isso garante o tratamento sanitário e a destruição de componentes orgânicos e minimiza a presença de resíduos combustíveis nas cinzas resultantes.
O atual processo de incineração consiste geralmente em dois estágios. Inicialmente, o resíduo é queimado na câmara primária, que é a receptora direta do lixo, em uma temperatura suficientemente alta para que algumas substâncias presentes se tornem gases. As cinzas são recolhidas em arrastadores submersos em corrente de água e lançadas no decantador. Os gases quentes são aspirados através de uma caldeira de recuperação, onde é produzido vapor. O vapor gerado pela caldeira acionará um turbo-gerador. Os gases exauridos da caldeira de recuperação são neutralizados por processo que ocorre em circuito fechado (filtro de mangas, lavadores de gases e tanque de decantação) não havendo a liberação de efluentes líquidos.
O processo de lavagem ocorre em dois estágios: no 1º estágio, ocorre a captura dos materiais particulados ainda presentes nos gases, com a utilização de um filtro de mangas; no 2º estágio os gases são resfriados e lavados com uma solução alcalina. A solução de lavagem proveniente dos lavadores é recolhida em tanques de decantação onde ocorre a neutralização com as cinzas do próprio processo, hidróxido de sódio e a mineralização (decantação dos sais), retornando posteriormente ao processo de lavagem. Restará no decantador um precipitado salino (concentração de cálcio e potássio) e material inerte, correspondendo a algo em torno de 8%, em peso, dos resíduos não tratados. Este material já está sendo testado, em substituição à areia, na fabricação de tijolos e pisos. Os gases limpos, após passagem por eliminador de gotículas (demister), são liberados para a atmosfera pela chaminé.
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