O Bisfenol A, também conhecido pela sigla BPA, é um composto muito utilizado para fazer plásticos de policarbonato e resinas epoxi, sendo comumente utilizado em recipientes para armazenar comida, garrafas de água e de refrigerantes e em latas de alimentos em conserva. No entanto, quando esses recipientes entram em contato alimentos muito quentes ou quando são colocados no micro-ondas, o bisfenol A presente no plástico contamina o alimento e acaba sendo consumido juntamente com a comida.
Além de estar presente em embalagens de alimentos, o bisfenol também pode ser encontrado em brinquedos de plástico, produtos de cosmética e papel térmico. O consumo excessivo dessa substância tem sido ligado a maiores riscos de doenças como câncer de mama e de próstata, mas são necessárias grandes quantidades de bisfenol para se ter esses prejuízos na saúde.
Um trabalho de revisão de 2016 realizado pelo Dr. Seachrist e colaboradores de diversas universidades americanas, conclui que há evidências substanciais de estudos com roedores que indicam que no início da vida, exposição ao BPA abaixo do RFD leva ao aumento da susceptibilidade ao câncer de mama e de próstata e propuseram que o BPA possa ser razoavelmente previsto como um carcinógeno humano na mama e próstata devido às suas propriedades promotoras de tumor.
Em outro artigo de revisão publicado em 2015, os autores afirmam que as evidências científicas encontradas mostram que o BPA pode interferir com a função endócrina do eixo hipotálamo-hipofisário alterando, por exemplo, a secreção de hormônios liberadores de gonadotropina (GnRH) do hipotálamo e na promoção da proliferação da hipófise. Tais ações afetam a puberdade, a ovulação e pode até resultar em infertilidade. Ovário, útero e outros órgãos reprodutivos também são alvos de BPA. A exposição ao BPA prejudica a estrutura e as funções de sistema reprodutor feminino, em diferentes períodos do ciclo de vida e pode contribuir para a infertilidade. Ambas as evidências, epidemiológicas e experimentais, demonstram que BPA afeta expressão de genes relacionados com a reprodução e modificação epigenética que estão intimamente associados com a infertilidade. Os efeitos prejudiciais sobre a reprodução podem ser ao longo da vida e transgeracional.
Produtos químicos como o bisfenol A podem também contribuir para vários estágios de desenvolvimento de tumores através dos efeitos sobre o microambiente do tumor. Por sua vez, o microambiente do tumor é constituído por uma interação complexa entre os vasos sanguíneos que alimentam o tumor, a matriz extracelular que proporciona suporte estrutural e bioquímico, moléculas que enviam mensagens e fatores solúveis, tais como citocinas. O microambiente do tumor também consiste de efetores celulares, incluindo células estromais multipotentes/células-tronco mesenquimais, fibroblastos, células precursoras endoteliais, células apresentadoras de antígeno, linfócitos e células imunitárias.
A instabilidade do genoma é outro pré-requisito para o desenvolvimento do câncer. Ela ocorre quando os sistemas de manutenção do genoma deixam de salvaguardar a integridade do genoma, seja como consequência de defeitos hereditários ou induzida através da exposição aos agentes ambientais (produtos químicos, agentes biológicos e radioterapia). Além de agentes cancerígenos humanos conhecidos, a exposição a doses baixas de outros produtos químicos presentes na nossa sociedade moderna poderia contribuir para a carcinogênese por afetar indiretamente a estabilidade do genoma. Entre os produtos químicos que contribuem indiretamente para a instabilidade do genoma se encontra o bisfenol A, que atua na modificação epigenética, sinalização de danos do DNA, função mitocondrial e segregação cromossômica.
A Polêmica do Bisfenol A
Cientistas, fabricantes e órgãos reguladores concordam em quatro pontos:
1- Pessoas do mundo civilizado estão em constante e crescente exposição ao BPA.
2- Bebês são os mais vulneráveis à exposição, vinda principalmente das mamadeiras de policarbonato.
3- O BPA age como o estrogênio.
4- Alguns estrogênios sintéticos causam câncer e infertilidade.
Além dos problemas apresentados neste artigo, existem outras disfunções associadas à exposição ao BPA. Entre elas temos:
• Hiperatividade;
• Autismo em crianças e adolescentes;
• Problemas cardíacos;
• Diabetes
Como limitar a exposição diária ao BPA:
1 – Evitar Alimentos Em Latas.
Enquanto algumas empresas eliminaram o BPA de suas latas, a maioria ainda emprega esta substância química danosa em seus processos de embalamento em enlatados. Isto é especialmente importante quanto mais ácidos forem os alimentos como tomates, por exemplo. Devemos variar entre tomates frescos ou dos que vêm em embalagem de vidro ou em caixa de papelão.
2. Desistir de Refrigerantes em Lata
O BPA pode ser detectado em muitos refrigerantes em lata. Esta é uma decisão muito fácil de tratar! Para começar, refrigerante não é a opção mais saudável. Mantendo-se fiel à água e ao chá é melhor para o seu corpo do que o BPA. Se você quiser desfrutar de um refrigerante, tome em garrafa ou de máquina de refrigerantes.
3. Rejeitar recibos de caixa
A maioria dos tipos de recibos de caixa contém BPA. Se for uma forma “livre” deste produto químico, significa que ficará retido em suas mãos e daí em seu corpo, em maiores quantidades do que alguns dos outros produtos. Se possível, diga realmente não para estes recibos quando for a uma loja ou a um comércio qualquer. Se pegar o recibo, lave o mais rapidamente possível suas mãos, especialmente se for lidar com alimentos.
4. Livrar-se dos Plásticos Tipos 3 e 7
A água engarrafada, entregue em sua casa ou no escritório, pode ser muito provavelmente armazenada em uma garrafa feita com a resina plástica chamada policarbonato/PC e identificada como nº 7. Importante se saber que existem alternativas que se pode procurar. Também se deve verificar com cuidado tanto a resina plástica de que a mamadeira dos nenês é feita como as garrafas plásticas onde se armazena água. Muitas delas são feitas com a resina plástica PVC ou Vinil, identificada com o nº 3 como com o PC, nº 7. Estes números citados podem estar na base das garrafas ou mamadeiras e estarem dentro de um triângulo, símbolo da reciclagem. Definitivamente, ninguém vai querer que seus filhos bebam em recipientes contaminados com BPA!
5. Proteja seu bebê
Na maioria das situações, amamentar é o melhor. Estamos nos últimos tempos, aprendendo que os alimentos de bebês estão apresentando, quando em latas, contaminação com BPA. Pode-se diminuir este risco de exposição ao BPA usando fórmulas alimentícias em pó quando o aleitamento não for a opção. A ONG norte-americana EWG tem mais dicas no site:
http://www.consumerreports.org/cro/baby-bottles/buying-guide.htm
No Brasil, desde o dia 1º de janeiro de 2012, está proibida a venda de mamadeiras ou outros utensílios para lactentes que contenham a substância Bisfenol-A (BPA). A determinação é da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e baseada em estudos que apontam possíveis riscos decorrentes da exposição ao BPA. Em 2010, a SBEM-SP já havia lançado a campanha “Diga não ao bisfenol A, a vida não tem plano B”, com o objetivo que a substância fosse banida de produtos infantis e de embalagens de alimentos.
Como identificar o Bisfenol A nas embalagens
Para identificar produtos que contenham bisfenol A deve-se observar nas embalagens a presença dos números 3 ou 7 no símbolo de reciclagem do plástico, pois esses números representam que o material foi feito utilizando o bisfenol.
Símbolos de embalagens que contêm Bisfenol A
Símbolos de embalagens que não contêm Bisfenol A
Os produtos plásticos mais utilizados e que contêm bisfenol são utensílios de cozinha como mamadeiras, pratos e recipientes plásticos, estando presentes também em CDs, utensílios médicos, brinquedos e eletrodomésticos.
Assim, para evitar o contato excessivo com essa substância, deve-se preferir utilizar objetos que sejam livres de bisfenol A. Veja algumas dicas sobre
Como evitar o bisfenol A.
Quantidade permitida de Bisfenol A
A quantidade máxima permitida para consumir de bisfenol A é de 4 mcg/kg por dia para evitar malefícios à saúde. No entanto, a média de consumo diário de bebês e crianças é de 0,875 mcg/kg, enquanto a média para adultos é de 0,388 mcg/kg, mostrando que o consumo habitual da população não traz riscos à saúde.
No entanto, mesmo os riscos dos efeitos negativos do bisfenol A serem muito pequenos, ainda é importante evitar o consumo exagerado de produtos que contenham essa substância, a fim de prevenir doenças.
FONTE:
https://www.tuasaude.com/bisfenol-a/
http://portal.anvisa.gov.br/alimentos/embalagens/bisfenol-a
REFERÊNCIAS
EXPOSIÇÃO IN ÚTERO AO DESREGULADOR ENDÓCRINO BISFENOL A E AO AGENTE QUIMIOPREVENTIVO INDOL-3-CARBINOL: EFEITOS SOBRE A MORFOGÊNESE E A SUSCETIBILIDADE À CARCINOGÊNESE PROSTÁTICA
BISPHENOL A – APPLICATION, SOURCES OF EXPOSURE AND POTENTIAL RISKS IN INFANTS, CHILDREN AND PREGNANT WOMEN
Bisphenol-A and Female Infertility: A Possible Role of Gene-Environment Interactions
Baby bottle buying guide
Molecular Mechanisms of Action of BPA
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